"É UMA DELÍCIA", DIZ BARILLARI SOBRE SUA VOLTA A ITABIRA

 

 

03/06/2011 - Por Ségio Santiago


Doze anos após a sua última passagem por Itabira, com o Marcos Frota Circo Show, o ator Alexandre Barillari volta à cidade de Drummond para a felicidade dos fãs. Até segunda-feira, 6 de junho, ele vai se apresentar no Circo, montado no campo do Grêmio.
 
O ator esteve na redação de DeFatoOnline na manhã desta sexta-feira, 3 de junho.  Acompanhado de produtores e de muita simpatia, ele conversou com a reportagem sobre sua carreira, agenda, família e outros assuntos durante um café com a equipe de jornalismo.
 
Para os fãs, que já questionavam nas redes sociais de DeFatoOnline, Alexandre explica os cabelos e barba grandes: ele será Urias, um guerreiro do exército de Davi, numa minissérie que estreia na Record em janeiro de 2012. Confira a entrevista.

 
DeFato OnLine - Qual a sensação de voltar a Itabira?
Alexandre - É uma delícia. A gente passa por muitas cidades, algumas marcam mais, outras marcam menos, e Itabira foi extremamente marcante para mim, sobretudo pelo carinho das pessoas. Desde que eu soube que voltaria, fiquei um pouco apreensivo, porque estava começando a minissérie [O Rei Davi, da Record, que estreia ano que vem]. E quando a gente começa um trabalho de TV, ou a gente vive ou a gente faz o trabalho.

 
DeFato OnLine - Você já começou as gravações para a minissérie?
Alexandre - Sim. São 10 séculos antes de Cristo. Quando fiz um personagem, como em Alma Gêmea, fui para a cadeia, para ver como era a mente de um assassino. Mas neste caso, tenho de aprender como se respira... A gente não sabe nada de lá [época em que se passa a história]. Aprendemos que as mulheres valiam naquela época menos que uma vaca e mais que uma ferramenta. Ou seja, a relação homem mulher é simplesmente no sentido de reprodução. O amor do jeito que a gente conhece, do jeito que Drummond conheceu, é muito recente na história do homem. (...)

 
DeFato OnLine - Você faz o papel de um guerreiro...
Alexandre - Eu sou um guerreiro. Antes de tudo eu sou um cara muito fiel. Mas por causa da traição do rei da Davi – ele descumpre um mandamento de Deus quando resolve abordar minha mulher, Batseba – esse elo de fidelidade e honra é desfeito. O personagem é muito interessante e muito importante. Ele se torna, do nada, um general do exército de Davi e consegue conquistar Jerusalém. Mas isso tudo vocês vão ver na Record, a partir de janeiro. E é isso que justifica esse cabelo e essa barba.
 

DeFato OnLine - Você e Marcos Frota são atores e trabalham no circo. Como conseguem tempo?
Alexandre - Acho que tempo é um pouco de vontade, de desejo. Não se trata de arranjar tempo, mas de arrumar a agenda. Muitas vezes não depende da gente, mas a gente não faz uma novela atrás da outra. Essa longa história minha no circo, que começou lá na minha primeira novela, em 1997, me ensinou muita coisa. Mas são anos de muito prazer. (...) Quando a gente está gravando é um pouco mais difícil, mas quando a gente não está dá para arrumar tempo. Gosto de ser múltiplo. O ator que não conseguir ser vários não está muito certo na sua escolha. Gosto de ser vilão, depois de ser mocinho, ter olhos verdes, depois de outra cor. Gosto de pluralidade. E a gente só consegue ser vários jogando em várias áreas, em várias funções.

 
DeFato OnLine - O circo é diferente de outros trabalhos na TV e no teatro, por exemplo? 
Alexandre - O circo tem uma particularidade. No circo eu não sou personagem, sou o Alexandre. E isso me interessa de sobremaneira... É um lugar em que eu posso ser mais eu, posso estar mais diretamente em contato com essas pessoas que muitas vezes me conhece através de um personagem. E quando o personagem é um vilão, como é que eu fico?

 
DeFato OnLine - Você é de família italiana, se formou em arquitetura e já deu aulas de inglês. Quando descobriu que era artista?
Alexandre - Sempre fui artista. A primeira manifestação dos meus desejos era de ser ator. Isso não se cumpriu de imediato, porque meus pais não me queriam ator. Eles me queriam general do exército.

 
DeFato OnLine - Bom, pelo menos agora você vai ser...
Alexandre - (Risos) A vida tem dessas coisas né. Um dia eu seria general do exército, ainda que do reino de Davi (risos). Minha família tem ‘multimilitares’. Eu fiz curso para escola militar, mas tem um certo momento em que a gente tem de escolher: ou a gente desengaveta o sonho teimoso ou vive uma infelicidade para a vida toda. Então é melhor procurar obstinadamente esse sonho teimoso e, por mais que no primeiro momento seja complicado, depois com o tempo acaba dando certo. Meus pais viraram meus fãs; eles também fazem crítica, o que é muito positivo (...). Fico muito feliz que os anos possam ter servido para que eles pudessem ter orgulho do meu trabalho e hoje poderem dividir comigo essa alegria que advêm da minha profissão. Foi muito triste quando eu precisava esconder deles [pais] a minha vontade. Passei dois anos fazendo escola profissionalizante de teatro no Rio de Janeiro escondido deles. Eles só souberam quando eu estreei na primeira peça profissional, em 1991, através dos jornais. De maneira que isso é curioso, mas não é alegre; mas como o tempo cura tudo, o tempo tratou de curar essa distância que havia entre o meu desejo e o desejo deles e colocou todo mundo numa mesma direção (...).

 
DeFato OnLine - O que Itabira pode esperar do seu espetáculo no Marcos Frota Circo Show até segunda-feira?
Alexandre - Em primeiro lugar, é um espetáculo absolutamente novo. Ainda que eu tenha estado aqui há 12 anos, o espetáculo é completamente diferente. Dentro dessas novidades, dessa evolução técnica, artística, tem muito mais luz, emoção, muito mais tecnologia. Quando a gente fala de circo, de imediato isso invade as nossas lembranças, da nossa infância, dos palhaços; isso é uma imagem que a gente tem na cabeça, de muita alegria, sobretudo para as crianças que hoje já não são mais crianças. Mas o circo precisava mudar, e o Marcos Frota Circo Show cumpriu bem esse papel, de ser bastante persuasivo para essas crianças, para esses jovens de hoje em dia que muitas vezes acham que o mundo se resume a uma tela de computador. O circo precisou se modernizar, precisou de tecnologia, de telão, de luz, de laser... Mas precisou manter também essa alegria, esse eixo que é um eixo que está aí há 5 mil anos e que não pode mudar, que são os números tradicionais. (...) Espero que todas as pessoas prestigiem. Acho que é isso que me faz abrir espaço na agenda para fazer circo, porque consigo me abastecer dessa emoção, dos aplausos e da parceria com o espectador.


 

 

 

www.alexandrebarillari.com.br por Luciana Basile

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