Edição 390 – 29/02/2008

MÚLTIPLOS TALENTOS

ARQUITETO E CHEF, O ATOR ALEXANDRE BARILLARI ENCARA SEU PRIMEIRO MERGULHO EM PARATY

Por Vanya Fernandes

Dias de folga para Alexandre Barillari são uma ótimaoportunidade de colocar em prática suas outras aptidões profissionais. Em férias da TV Record, o ator que também é arquiteto formado, encantou-se com o casario de Paraty. “Tive a sensação de entrar em um cenário”, diz ele, que anda às voltas com a reforma da casa da amiga, a diretora Cininha de Paula, em Itaipava, na região serrana do Rio de Janeiro. Ainda na faculdade de arquitetura, estudou teatro por dois anos escondido dos pais. “Eles souberam da minha estréia profissional pelos jornais. Hoje são meus maiores admiradores”, afirma Alexandre, antes de mergulhar no mar com equipamento pela primeira vez. “Vocês não imaginam a sensação que é estar lá no fundo. É outro mundo, outra dimensão”, diz, empolgado.

A VEZ DOS LIVROS
Agora Alexandre assume seu lado escritor: “Estou com quase 90% do romance pronto. Vai se chamar Um Mar sem Norte. Escrever é um trabalho quase artesanal e um enorme exercício de organização dos pensamentos”. A outra atividade que o deixa feliz é cozinhar. “Minha comida tem um caráter muito estético. Quando crio uma receita, já penso em como vou apresenta-la aos convidados, que talheres e pratos usarei. Em dia de jantar lá em casa, acordo às 5h30 só para comprar, direto dos abastecedores , as flores que farão parte da decoração”, conta com orgulho o chef.





                         Nº 136 – 09/02/2006

ALEXANDRE BARILLARI

SÓ NA FICÇÃO

AOS 32 ANOS, O ATOR CARIOCA EXPERIMENTA O RECONHECIMENTO PÚBLICO POR SER VILÃO EM ALMA GÊMEA. NA VIDA REAL, ELE É UM HOMEM DE INÚMEROS TALENTOS.

Por Luciana Costa Barreto

Apontado como A revelação de Salsa e Merengue, ele passou por Chocolate com Pimenta e pela novelinha Malhação sem nunca repetir o destaque da trama assinada por Miguel Falabella. Agora, na pele do Guto de Alma Gêmea – o primeiro vilão de uma carreira de 14 anos - , Alexandre Barillari dá a volta por cima. E que volta. Para interpretar o problemático personagem, o ator dá vazão a um turbilhão de emoções. É um papel denso bem a seu gosto – e o oposto dos tipos folhetinescos que viveu nas outras novelas.

“Compor esse personagem foi um processo muito louco. Conversei com minha irmã, que é psiquiatra e também trabalha no sistema penitenciário, visitei todas as instalações do Presídio Ary Franco, caí dentro das aulas de interpretação com a Camila Amado e de literatura para ficar em dia, e percebi quanto tudo isso é importante na hora de defender alguma idéia”, conta Alexandre, cujas maldades em cena garantem picos de audiência à trama de Walcyr Carrasco.

Bonito, dedicado e talentoso, ele não se cansa de explicar nas ruas que o caráter do Guto nada tem a ver com o seu. Sabe como é, brasileiro adora confundir fato e ficção. Com uma criação tradicional católica, o ator é adepto de um mix filosófico que inclui muitos princípios espíritas – como a crença na vida após a morte.

Se não descuida da alma, Alexandre também não abre mão dos cuidados com o corpo e com a mente. Amante da natureza, faz questão de pedaladas diárias pela orla da Praia do Leme, no Rio, onde mora.Em sua rotina misturam-se malhação na academia com ensaios de teatro, aulas de literatura e a redação de um livro – seu primeiro romance - , previamente intitulado de Um Mar Sem Norte, com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano. “Assim como o cérebro bem alimentado de informações é positivo, o corpo, cuidado e tratado, é uma das minhas ferramentas básicas de trabalho”.

AMANTE DAS PALAVRAS
Ator por gosto e vocação, ele também é formado em arquitetura, pela UFRJ – duas artes que se complementam, dando origem a um Alexandre desconhecido do público: o artesão, marceneiro e artista plástico. “Funciona como uma catarse. É uma explosão de idéias e rola uma satisfação incrível”, conta o ator, autor de objetos como as duas mesinhas-aparadoras que conserva em sua sala-de-estar e dos quadros abstratos que enriquecem as paredes. Além da paixão pelas artes, Alexandre é vernaculista, aluno aplicado de língua portuguesa da professora Ana Maria Zanelli. Apaixonado pela palavra escrita e falada, conhece como poucos a história do nosso idioma, o que – claro! – reflete na composição de seus personagens. “Apesar de ter feito trabalhos atuais, sinto com muito mais força os papéis de época, como o Aluízio de Oliveira na (peça teatral) South American Way e o Beto de Chocolate com Pimenta.

Ao contabilizar os benefícios que o conhecimento do idioma pátrio pode trazer para a composição de seus personagens, Alexandre recorda de uma cena de Alma Gêmea no qual Guto estava preso. Na hora de gravar, ele preferiu trocar a pronúncia de um verbo por uma abreviação. “Eu teria que dizer: ‘Cristina, eu estou preso’, como estava no texto, mas disse ‘Cristina tô preso’, porque cabia no universo contextual em que o personagem estava inserido. Apesar da época, ele era um cara que não pertencia a classe social nenhuma”, defende, amparado no parecer de outro mestre: o professor e doutor em letras Domício Proença Filho. “Mas não quiseram que a cena fosse ao ar com o ‘tô’. Tive que dizer o tal ‘estou’, com todas as letras”, lamenta.

TÔ QUE TÔ
Contrariado, Alexandre colheu charges da época em que a trama se desenrola (os anos 40) e procurou o autor Walcyr Carrasco para uma conversa, levando o material como referência. Resultado: nunca mais saiu um “estou” da boca do Guto. “Isso é gratificante porque, quando pesquisa fundo, o ator sabe exatamente o que dizer e o peso de cada palavra”, acredita.

 


 

www.alexandrebarillari.com.br por Luciana Basile

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