Cenário Ideal


Para viver o dia-a-dia fora dos palcos, o ator e arquiteto Alexandre Barillari projetou um espaço minimalista. No apartamento de 68 m² onde mora, cria novas cenas usando apenas a iluminação.

Julho 2008 - edição 255 

Alexandre pretendia integrar totalmente os ambientes demolindo a parede atrás do sofá, mas desistiu quando descobriu que havia ali uma coluna de água do edifício. Rigoroso na simetria do projeto, ele reproduziu no lado esquerdo da sala o volume de um pilar existente no lado direito. As novas janelas acústicas de alumínio (Alufama) ocupam todo o comprimento da parede e têm vão amplo para valorizar a paisagem. Um painel com estrutura de madeira e duas portas de correr de vidro une a sala de jantar ao quarto. A face voltada para a sala é toda coberta de espelho. Do lado oposto, o revestimento é de vidro preto (Wilson Vidros). No quarto, o arquiteto elevou o piso em 15 cm e tornou possível ver o mar da cama. Barillari é um dos 23 famosos que abriram suas casas para a gente. No dia-a-dia de trabalho, o ator Alexandre Barillari circula nos mais diferentes cenários. Em sua rotina pessoal, prefere um espaço minimalista. Formado em arquitetura, ele mesmo planejou a reforma do seu apartamento, na praia do Leme, no Rio de Janeiro, para alcançar ambientes de visual limpo, proporções precisas e acabamento impecável. Alexandre ousou excluir peças funcionais do projeto, como estantes, varal e guarda-roupa, para evitar interferências no desenho arquitetônico. Bem entendido que grande parte dos livros e objetos pessoais ele deixou na casa dos pais, onde morava anteriormente, no mesmo bairro. “Nesta caixa branca tenho liberdade de pensamento”, justifica o arquiteto. Minucioso e detalhista, monitorou a obra de perto, sempre acompanhado de seu esquadro e prumo a laser, buscando medidas exatas e soluções discretas. No teto, os rasgos de iluminação obedecem a uma simetria rigorosa. O mesmo vale para o piso, paginado com placas de mármore botticino de tamanho idêntico e poucas emendas. As antigas janelas de madeira, com desenho compacto, foram substituídas por modelos de alumínio feitos sob medida, que conquistam amplos vãos quando abertos. “O traço minimalista, por fim, ajuda a valorizar a paisagem”, diz o arquiteto. Para trazer ainda mais a vista para o interior, ele demoliu um dos quartos, integrando-o à sala, e instalou portas de vidro no quarto restante. Também planejou um visor no banheiro para admirar o mar enquanto toma banho. De noite, quando a paisagem esmaece, entra em cena o projeto luminotécnico, com um sistema de dimmers que permite mudar toda a configuração da luz com um toque no interruptor. “Usando apenas a iluminação, crio uma nova atmosfera no espaço”, completa Alexandre.
Graças a um pano de vidro com 1,40 x 1,30 m, instalado entre o quarto e o banheiro, é possível tomar banho admirando o mar. Os armários têm desenho limpo e preciso, com portas perfeitamente alinhadas. Cadeira da Novo Ambiente. No banheiro, o arquiteto fez questão de bancada e área de banho generosas. O boxe oferece três chuveiros e duchas massageadoras na parede sobre o banco. Portas de vidro temperado correm em trilhos embutidos no chão e no teto. Desenhado por Alexandre, o lustre tem luz suave, refletida em cristais pendurados em uma estrutura de aço cromado. Lâmpadas PAR azuis, instaladas dentro do boxe, permitem criar uma atmosfera relaxante. "Mais que um espaço funcional, este apartamento é minha divagação arquitetônica. Aqui não tenho guarda-roupa nem varal". A cozinha é toda espelhada, o que não seria nada prático na rotina de uma família.
A marcenaria com revestimento preto garante o visual neutro. A porta da sala é de madeira laqueada. Na cozinha, armários espelhados (Jailton Albino) sem puxadores. Também não há prateleiras. “Evito acumular objetos. Tenho apenas o necessário e tudo organizado”, diz o arquiteto. Como a lavanderia fica integrada à cozinha, o tanque de granito preto são gabriel mereceu desenho especial. Embutido num vão na parede, facilita a circulação no corredor. Com 30 x 33 x 80 cm, permite o uso de baldes e a lavagem de peças volumosas. Para fugir dos varais, Alexandre escolheu uma máquina de lavar que também seca roupas. Sobre ela, fica um móvel com rodízios que apóia os acessórios de cozinha. A planta original tinha dois quartos. Um deles foi aproveitado para ampliar a sala e o quarto restante. O banheiro principal também cresceu: o arquiteto retirou um recuo na divisória com a cozinha, onde ficava a geladeira. Para facilitar a circulação, todas as portas antigas, que eram estreitas, foram substituídas por modelos com 80 cm de largura.


      
                         

  





 

 

www.alexandrebarillari.com.br por Luciana Basile

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