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Edição 1566 – 22/09/2005 DOCE BAD BOY Não se deixe levar pela cara de mau que Alexandre Barillari, 32 anos, exibe como o vilão Guto em “Alma Gêmea” – seu quinto trabalho na TV. Ele é um bom menino. Melhor: o orgulho dos pais – Nelma e Adilson Barillari, ambos com 64 anos -, com os quais ainda mora, em um apartamento no bairro do Leme, no Rio. É certo que eles sonhavam com outro futuro para o filho, que não o de ator. Nascido em uma família de militares, esse seria seu caminho. Aos poucos, o rapaz mudou os planos. Primeiro, Alexandre Barillari de Almeida (19/3/1973) decidiu cursar arquitetura e passou no vestibular para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, aos 16 anos. Às escondidas, estudava teatro à noite. Foi difícil assumir sua vocação. “Para meus pais, foi uma punhalada”, relembra. Hoje, eles assistem orgulhosos à interpretação do filho, que foi atrás de relatos de assassinos do presídio Ary Franco, no Rio, para interpretar o homem que mata a mocinha Luna (Liliana Castro) logo no primeiro capítulo da novela. Criado em uma família italiana extremamente católica, se deparou com um mundo totalmente distante do seu. Além de bom filho, se diz também bom namorado. Atualmente sozinho, Barillari conta que já sofreu muito por amor. E foi até capaz de cruzar o Atlântico atrás de uma mulher que conheceu em uma rua de Ipanema. Também era bom neto e chegou a escrever um livro, “Um Mar Sem Norte”, motivado pela morte da avó, dona Aida, morta há 11 anos. O livro ainda não editado, é uma espécie de romance sobre a vida do ator. CONTIGO – Sua família é muito unida...
30/09/2005 MALDADE NA VEIA Alexandre Barillari enfrentou a família, que desejava para ele a carreira militar. Hoje, ele recebe a recompensa: um matador da vida real fica assustado com o Guto de Alma Gêmea Quando o Guto de Alma Gêmea aparece em cena, temos que concordar com Serena (Priscila Fantin). Ela diz que ele passa uma energia ruim. E é verdade. As roupas escuras, o olhar enigmático e o sorrisinho no canto da boca ajudam a compor o perfil de quem está no limite de suas emoções. Mas faltou muito pouco para que seu intérprete, Alexandre Barillari, não tivesse a oportunidade de viver o antigalã que assassina a mocinha da história no primeiro capítulo. Os planos que a família do ator tinha para ele eram bem diferentes. Seus pais queriam que o filho se tornasse general do exército."Minha família toda é de generais, marechais, coronéis. Eles não queriam que fosse diferente comigo", conta. Para driblar a marcação, aos 16 anos, Alexandre ingressou na faculdade de arquitetura e freqüentou por dois anos um curso de teatro escondido dos pais. "Eles não foram assistir ao primeiro espetáculo. Desprezo total", relembra. Como é fazer o assassino que mata a mocinha no primeiro capítulo? É um momento abençoado na minha vida. Ele matou a protagonista, então o Guto é o fio condutor da história. Ele sempre foi um personagem central dentro da trama principal. Estou supercontente. Deu muito trabalho dar vida ao personagem? Aproveitei que a minha irmã é psiquiatra do sistema penitenciário do Estado do Rio de Janeiro e pedi que me levasse até lá para conversar com alguns presos. Falei com 13 matadores barras-pesadas e consegui revelações fantásticas que eu não vou contar jamais a ninguém. O Guto tem um falso equilíbrio. Como ele fala baixo, nunca se sabe quando ele está no limite. Sentiu medo de ficar diante de pessoas tão perigosas? Não tive medo e, sim, a sensação de que poderia acontecer algo a qualquer momento. Ao mesmo tempo em que eles falam de maneira calma, de repente têm um rompante. Encontrou o Guto lá dentro? A direção do presídio consultava pelo computador o perfil de presos que mais pareciam com o Guto.De todos com quem conversei, um se aproxima muito do personagem. Todo mundo o conhece porque está sempre estampando as páginas do jornal como sendo uma figura de altíssima periculosidade. Foi nele que eu me inspirei, mas não posso revelar o nome. Teve algum retorno dos presos depois que eles viram como ficou o Guto na novela? Quando minha irmã voltou ao presídio para entrevistar alguns detentos, um deles disse: 'Mas ele tá muito mau, doutora. Parece até que ele tinha veia pra isso'. Esse elogio não poderia ter vindo de uma pessoa melhor. Você está em cartaz com O Mistério do Fantasma Apavorado, uma peça infantil. Alma Gêmea é vista por muitas crianças. Elas confundem? Isso tem sido engraçado. Quando apareço no palco, tem sempre uma vozinha na platéia falando do Guto. Certa vez, uma menina falou bem alto: 'Mãe, olha o assassino de América'. Confundiu as novelas! Foi difícil iniciar a carreira sem o apoio dos seus pais? Não foi fácil, não. Eles queriam que eu seguisse a carreira militar e optei pela de ator. A minha primeira aparição na TV foi nos anos 80, quando fiz um episódio do Sítio do Picapau Amarelo. Fui levado pela comediante Nádia Maria, que era amiga da família. Eles achavam bonitinho, mas não imaginavam que eu seguiria adiante. Até hoje eles não aceitam? Essa mudança só começou quando eu fiz Salsa e Merengue, porque aí estreei num papel interessante. Quando o porteiro do seu prédio gosta, sua madrinha gosta, o vendedor ambulante da praia gosta e seus pais não gostam, eles vêem que há alguma coisa equivocada nisso tudo.Hoje, me apóiam. Você chegou a atuar como arquiteto? Não vivo disso, mas virou hobby. Quando realizei o sonho de ter a minha primeira casa, comprada com o meu trabalho, fiz do jeito que eu queria. Eu me debrucei sobre a prancheta. Fiz chão, parede e teto. (POR BARBARA TOURINHO)
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www.alexandrebarillari.com.br por Luciana Basile |