Alexandre Barillari 24/11/2005

15:00

Moderador fala para a platéia: Boa tarde a todos! Em instantes o ator Alexandre Barillari conversa com vocês. Em Alma Gêmea, ele interpreta o Guto, um dos vilões da trama. Envie sua pergunta! Não esqueça de escrever o seu nome e a cidade de onde tecla!

Alexandre Barillari fala para a platéia: Boa tarde a todos!

Moderador apresenta a mensagem enviada por queka: É verdade que você cozinha pratos românticos?


Alexandre Barillari responde para queka: O clima não está no prato, não são pratos com pétalas de rosa ou com essência. O romantismo vem com o clima, a iluminação, trilha sonora.


Moderador apresenta a mensagem enviada por wendy: E como que é a sua alimentação diariamente? Ou melhor, como você se prepara fisicamente para os personagens?


Alexandre Barillari responde para wendy: Eu gosto de comida junk. Tem determinados momentos que só como uma proteína e carboidrato, não tomo refrigerante, nada de gordura. Daí meu corpo responde, fico bem, mas não consigo fazer isso o tempo todo porque eu gosto de salgadinho, risole. Não dá para fazer isso o tempo todo.


Moderador apresenta a mensagem enviada por erasmo: Como está sendo fazer um vilão em Alma Gêmea? É o seu primeiro vilão, não é? As pessoas na rua confundem seu personagem?


Alexandre Barillari responde para erasmo: Eu passei a julgar o vilão como aquele que ousa atingir a tragédia. Não posso dizer que um mal-intencionado, um esperto é um vilão, então quase todos seriam vilões. E o Guto é mais que um vilão, é um presente para a minha vida. Para todas as esferas, todos os territórios da minha vida, eu vejo ganho, vejo mal-estar. Me deu extremo trabalho, eu não podia usar o meu entorno para pensar nesse personagem. Então, eu passei três dias no presídio Ary Franco, aqui no Rio, para conversar com pessoas que tinham atingido essa tragédia. Como eu, Alexandre, ator, vou lidar com um personagem que comete um crime? Fui ter umas aulas com a Camila Amado, eu brinco que estou em vias de erguer um altar para ela na minha casa e fomos para a filosofia. Minha irmã é psiquiátra de uma penitenciária. Eu queria conversar com pessoas que tivessem motivações atemporais, não me interessava, por exemplo, tráfico, já que é uma novela de época. Fazer um vilão é mais saboroso porque você se irreconhece no personagem. Por isso é interessante. É muito distinto de mim. E graças a Deus hoje as pessoas não confundem mais o ator com o personagem, isso faz com que eu tenha nitidez do que é personagem e do que é ator. É uma relação mais gostosa.

 
Moderador apresenta a mensagem enviada por renata: Como foi fazer o ensaio fotográfico para o Paparazzo? Você gosta do lado modelo da profissão?


Alexandre Barillari responde para renata: Não é da minha natureza. Sou mais low profile e gosto desse meu jeito de ser. É uma maneira de me sair melhor, me aproximo mais de mim, me aproximo mais da minha casa, da minha família. O ensaio era o oposto disso, era um show off. No início eu estava um pouco assustado. A foto é como um olhar do outro, você não sabe como está refletindo. De qualquer maneira, eu adorei o resultado, adorei a equipe, me deixou em uma atmosfera super prazerosa. No começo foi um transtorno, as noites que anteciparam ao ensaio foram sem sono. Mas depois eu gostei muito do resultado.

 

Alexandre Barillari  responde para yukari: Minha primeira aparição foi em 1988. Quem trouxe a mim e minha irmã para a carreira artística foi a comediante Nádia. Fizemos uma participação como João e Maria, eu era João e minha irmã era Maria. Fui dirigido pelo Fábio Sabagi. Depois fiz pinóquio com Grande Otelo.

Alexandre Barillari fala para a platéia: Eu acho ótima a volta do Sítio. Já fiz três episódios. O clima é maravilhoso, a Cininha dirigiu dois deles, minha amiga.

Moderador apresenta a mensagem enviada por oswaldo: Você também é arquiteto?

 
Alexandre Barillari responde para oswaldo: Nos anos 80, minha família dizia para mim: 'Não faça disso sua profissão'. O sonho da minha mãe era que eu fosse general do Exército. Quando eu percebi que não seria, fui procurar a Arquitetura, que das profissões burocráticas foi a que eu escolhi. Eu era uma criança, tinha 16 anos. Era uma criança que ainda tinha que dar alguma satisfação para minha casa. Eu fazia escola de teatro escondido, à noite. Eles só souberam pelos jornais quando eu estreei. Não foram assistir, ficaram decepcionados e magoados. Mas não perdem a crítica. Não ficam cedo, babando. Eles têm a clareza e o critério da crítica.


Moderador apresenta a mensagem enviada por adriano: E de Malhação? Você que ficou uma boa temporada lá acha que a novela é um aprendizado para os iniciantes?


Alexandre Barillari responde para adriano: Malhação foi para mim um aprendizado como é qualquer coisa para qualquer um. Eu me sinto um pouco em vantagem de ter vindo desde os nove anos de idade fazendo teatro amador e indo para escola de teatro profissionalizante. Hoje em dia as pessoas viram atores em uma descida de elevador. Se eu não fosse ator, seria um acadêmico. Eu gosto de estudar a minha área, meu domínio e nada melhor do que o estudo. Salsa e Merengue foi o meu primeiro personagem de grande notoriedade. Era muito interessante. Eu improvisava com uma vastidão, podia ir invadindo diversos domínios do personagm. O personagem também me ajudou a fazer Malhação ao vivo. Foi um programa precursor na época.

 
Moderador apresenta a mensagem enviada por Jullye: queria elogiar o trabalaho do Alexandre e gostaria de saber se tem previsão de cinema..


Alexandre Barillari responde para Jullye: Tenho previsão, vou fazer o meu primeiro longa. Chama-se Polaróides Urbanas. Devemos rodar isso tão logo acabe a novela. Deve ter pré-produção, ensaio, no início do ano que vem.


Moderador apresenta a mensagem enviada por flavia_m: Você está participando do quadro de competição de dança entre artistas no Domingão do Faustão. Comno está sendo essa experiência? Já dançava antes? E os ensaios acontecem mesmo?


Alexandre Barillari responde para flavia_m: Eu sou um ator vocacionado para isso. Então, faz parte disso que eu procure exercitar o meu corpo, exercitar a minha voz, exercitar o canto. Minha primeira novela foi Salsa e Merengue, por causa disso fui fazer dança de salão com o Jaime Arouxa. Mas eu não era um dançarino, eu era um príncipe de baile de debutantes. Depois disso, sempre para um espetáculo, para outro, temos que ter o corpo preparado para dança ou outra investida. Nunca fiz dança de salão de maneira muito disciplinada, mas sempre dei meus passinhos. Tango eu nunca dancei, salsa eu já gostava.


Moderador apresenta a mensagem enviada por Ludmila: Meu nome é Ludmila, eu teclo de Belo Horizonte e gostaria de saber Ale se voce tem e-mail, orkut, para que eu possa entrar em contato com vc?


Alexandre Barillari responde para Ludmila: Tenho orkut, Alexandre Barilari, mas não tenho muito tempo para entrar e para dar cabo de uma solicitação dos internautas. Os scraps vão ser bem-vindos.


Moderador apresenta a mensagem enviada por neca: como se sente em relação ao assédio, em torno do seu personagen/neca São Paulo


Alexandre Barillari responde para neca: É um prazer sem limite. Isso também está incluído na vocação. O chamado disso já pressupõe o reconhecimento. Ninguém quer entrar no teatro e ter uma platéia vazia. Eu lido da melhor maneira possível. Por outro lado, eu sou humano como vocês. Há dias que estou radiante, há dias que estou cabisbaixo. As minhas emoções são como a de todos.


Moderador apresenta a mensagem enviada por Taty: Oii Alexandre, meu nome é Tatyana e moro em Ipanema, RJ, e gostaria de saber se será o Guto o grande vingador de Luna ao final da trama


Alexandre Barillari responde para Taty: Acho que a grande inteligência do Walcyr é não fechar a questão dentro de uma abordagem documental. Essa novela é essencialmente uma grande história de amor. Dentro disso, posso trabalhar com a morte sem ser o fim. Vocês estão vendo o assédio e o retorno do Guto para enlouquecer a Cristina. Não tenho muitos capítulos na frente, mas posso dar as minhas impressões. Se a novela trabalha com dois planos, não diz que terminamos aqui a nossa história. Posso acreditar que há uma espécie de vingança, sim. Não sei se quando o Guto faz a passagem, se ele sabe que foi a Débora que o envenenou. Eu acho que, por mais que ele tenha se arrependido, ele teria sido aceito. Não estou analisando por nenhuma religião, só filosoficamente. Seria isso suficiente? Se arrepender? Então, o Guto poderia estar em um plano intermediário. Imagine que você tenha uma máquina e que você fosse fotografando cada vez mais de perto uma coisa até chegar na essência. Então, nesse plano ele poderia saber tudo o que aconteceu, que foi a Débora que o envenenou. Ela foi a mentora intelectual e executora. Há um grande vilão e um grande mal dentro de todos nós. Acho que nesse momento ele ainda está em um plano intermediário, onde essa vingança é possível. O Guto ainda está triste, magoado, de ter tido a trajetória cortada. Depois vou alcançar o plano do perdão.

Alexandre Barillari fala para a platéia: O episódio é o seguinte, nessa investigação desde o início eu queria achar o assassino. A gente sempre quer ser o retrato fiel do herói romântico. Eu fui para essa 'deusa', Camila Amado. Por acaso ela foi voluntária de teatro na penitenciária de Bangu. Ela decidiu ser voluntária durante uma rebelião do presídio, foi de madrugada, o diretor estava nervoso, disse que não era só ele que tinha que aprovar, as facções também teriam que validar isso. Ela pediu para ele chamar os chefes. Com um diálogo com um deles, ela demonstra como podemos ter esse 'lado' assassino.

Alexandre Barillari fala para a platéia: Em uma conversa que eu tive com o Walcyr, eu disse que queria me irreconhecer nesse personagem. Por outro lado, fico muito feliz porque cabe dentro da história do personagem. É o que a gente vai dando para o autor. Isso é mais ou menos quando o humorista chega na rua e as pessoas o reconhecem pelo bordão. E você ser reconhecido pelo olhar, é um triunfo, um êxito total.

Moderador apresenta a mensagem enviada por julia: Boa Tarde Alexandre você é um gato. Qual dos seus personagens que você mais gostou de interpretar foi o Guto. E como se sente em ter que ser uma alma penada assustando a Cristina?


Alexandre Barillari responde para julia: Eu acho maravilhoso ser uma alma penada. A gente vai trabalhando com o que a gente não conhece. A gente vai construindo em cima do nada, eu não sei como é, ninguém nunca chegou para mim e disse como é. Construir em cima do nada. Não sei como é a memória. Nós somos baseados em memória. A memória nos dá um reconhecimento da vida total. Agora, não resta dúvida de que o melhor, o que tem o maior espaço interno, é o Guto. Mas eu tenho um carinho enorme pelo Antonio, que foi o primeiro, porque foi o primeiro, eu tinha que lidar com a minha inexperiência. E o Tadeu de Malhação, talvez tenha sido antes do Guto, o personagem de maior força junto ao público. Talvez porque ele falasse o que vinha à cabeça. Enfim, a gente tem esse desejo de poder deixar desabar o que vem à cabeça, é o que a criança faz. Os sentimentos são pintados com tintas fortes. Enfim, no fundo a gente vai tentando levar a vida da melhor maneira possível.


Moderador apresenta a mensagem enviada por carol: numa cena que exige bastante drama, como ele se prepara, tem algum truque para entrar no clima?


Alexandre Barillari responde para carol: Tem vários truques. Quem faz teoria do teatro, escola de teatro, aprende esses truques. A gente aprende a fazer a combinatória com seus próprios truques. Para entrar no personagem, como no dia em que gravamos a sequência toda do perdão, é um peso insuportável. É preciso ter uma concentração absurda. As pessoas falam com você e você não se deixa decompor. O que muda é que você sabe onde vai estar. Tem que driblar os mecanismos do seu pensamento para parecer que você não sabe o que vai acontecer. Aqui vai também uma mensagem, hoje ser ator é fashion. Não é só o glamour de mulheres, dinheiro, etc. Esse dia do perdão do personagem foi como eu tivesse tido uma discussão de oito horas num só dia. Era um fardo. E isso foi para o ar, eu estava tão cansado, fisicamente e psicologicamente exausto. E isso foi frutífero para a cena. Mas você tem que driblar um estúdio inteiro, várias pessoas resolvendo seus problemas e ficar absorto consigo mesmo.

Alexandre Barillari fala para a platéia: Nane, esse é um elogio, não que os outros sejam menores, de jeito nenhum. Agora esse seu elogio também é acrescido da técnica. Minha irmã também é psicanalista. Outro dia ela me chamou e me disse que tinha reencontrado um dos detentos e que ele tinha dito uma coisa muito interessante, que a tinha deixado orgulhosa. Ele falou assim: 'Doutora, você sabe que seu irmão está muito mal na novela. Parecia que ele até já tinha veia para aquilo.' Isso foi um elogio e tanto.

Alexandre Barillari fala para a platéia: Vou lançar um livro, meu primeiro romance.

Alexandre Barillari fala para a platéia: Obrigado, gente, até a próxima.

Moderador fala para a platéia: Infelizmente, o chat com Alexandre Barillari fica por aqui. Obrigado pela participação! Fiquem ligados na agenda de chats de Alma Gêmea!

 

 

www.alexandrebarillari.com.br por Luciana Basile

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